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    Saúde / Problemas de saúde

    Febre do Mayaro

    A Febre do Mayaro é uma doença infecciosa febril aguda, cujo quadro clínico geralmente é de curso benigno, semelhante à Dengue e à Chikungunya. A doença é causada pelo vírus (Mayaro (MAYV), um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) da família Togaviridae, gênero Alphavirus, assim como o vírus Chikungunya (CHIKV), ao qual é relacionado genética e antigenicamente.



    Febre do Mayaro. Foto: Lucas Vasques/Unsplash


    O vírus Mayaro foi isolado pela primeira vez em Trinidad, em 1954, e o primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil, principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste. A febre do Mayaro compõe a lista nacional de doenças de notificação compulsória imediata.

    Transmissão

    O ciclo epidemiológico do vírus Mayaro (MAYV) é semelhante ao da Febre Amarela Silvestre e se dá com a participação de mosquitos silvestres, principalmente do gênero Haemagogus, com hábitos estritamente diurnos e que vivem nas copas das árvores, o que favorece o contato com os hospedeiros animais. Nesse ciclo, os primatas são os principais hospedeiros do vírus e o homem é considerado um hospedeiro acidental.

    Possivelmente, outros gêneros de mosquitos participam do ciclo de manutenção do vírus na natureza, tais como Culex, Sabethes, Psorophora, Coquillettidia e Aedes; além de outros hospedeiros vertebrados como pássaros, marsupiais, xenartras (preguiças, tamanduás e tatus) e roedores, que podem atuar na amplificação e manutenção do vírus em seu ambiente natural.

    Dada a comprovação em laboratório da possiblidade de infecção do Aedes aegypti pelo MAYV (competência vetorial) e de achados de infecção natural, considera-se haver risco potencial de transmissão urbana, que poderia eventualmente ser sustentada num ciclo homem-mosquito-homem.

    Não existe transmissão de uma pessoa para outra diretamente. O sangue dos doentes é infectante para os mosquitos durante o período de viremia, que dura em média 5 dias. A transmissão ocorre a partir da picada de mosquitos fêmeas que se infectam ao se alimentar do sangue de primatas (macacos) ou humanos infectados com o MAYV. Depois de infectados, e após um período de incubação extrínseca (em torno de 12 dias), os mosquitos podem transmitir o vírus por toda a vida.

    Assim como a febre amarela, a doença pelo vírus Mayaro é considerada uma zoonose silvestre e, portanto, de impossível eliminação. O homem é considerado um hospedeiro acidental, quando frequenta o habitat natural de hospedeiros, reservatórios e vetores silvestres infectados.

    Sintomas

    As manifestações clínicas nos pacientes com Febre do Mayaro são semelhantes àquelas provocadas pelo vírus Chikungunya e outros arbovírus. O quadro clínico inicia-se com síndrome febril aguda inespecífica, e que pode acompanhar cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e exantema (manchas avermelhadas na pele), dificultando o diagnóstico diferencial, assim como a determinação da incidência da Febre do Mayaro.

    A artralgia (dor nas articulações), que pode ser acompanhada de edema (inchaço) articular, é o principal sintoma das formas severas e, ocasionalmente, pode ser incapacitante ou limitante, persistindo por meses. Casos graves podem apresentar encefalite (inflamação no cérebro), mas na maioria dos casos a doença é autolimitada, com o desaparecimento dos sintomas em uma semana.

    Depois de identificar alguns desses sintomas, é preciso procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre residência, trabalho, passeio ou qualquer viagem para áreas rurais, de mata ou silvestres, nos últimos 15 dias antes do início dos sintomas. Também é importante informar se, no local visitado recentemente, foi observada a presença de macacos, sadios ou doentes. Além disso, é aconselhado relatar as atividades realizadas e o uso de repelentes e roupas protetoras a picadas de insetos.

    Importante: A Febre do Mayaro não é contagiosa, portanto, não há transmissão de pessoa a pessoa ou de animais a pessoas. Ela é transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus Mayaro.

    Tratamento

    Não existe terapia específica ou vacina. Os pacientes devem permanecer em repouso, acompanhado de tratamento sintomático, com analgésicos e/ou drogas anti-inflamatórias, que podem proporcionar alívio da dor e da febre.

    Prevenção

    Considerando que atualmente não existe uma vacina disponível e que não é possível eliminar o ciclo silvestre de transmissão do vírus , as medidas de prevenção consistem em evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição à picada do vetor, seja por meio de recursos de proteção individual (uso de repelentes, roupas compridas) ou coletiva (uso de cortinas; mosquiteiros, principalmente em área rural e silvestre, além de evitar exposição em área afetada), visando minimizar o contato homem e vetor silvestre.

    É indicado evitar exposição com corpo desprotegido em locais de mata e beira de rios, principalmente nos horários de maior atividade do vetor (entre 9 e 16 horas).

    Também é indicado utilizar roupas compridas, que minimizem a exposição aos vetores silvestres, preferencialmente acompanhado do uso de repelentes.

    Cuidado adicional deve ser tomado nas áreas com ocorrência recente de transmissão do vírus Mayaro.

    Dessa forma, recomenda-se:

    — evitar exposição em áreas de mata sobretudo desprotegido, durante o período de maior atividade do mosquito transmissor da doença;
    — uso de roupas compridas e repelentes podem ajudar a evitar contato com o vetor silvestre e diminuir o risco de infecção;
    — uso de cortinas; mosquiteiros, principalmente em área rural e silvestre;
    — evitar exposição em área afetada (com transmissão ativa).

    Diagnóstico

    O diagnóstico da Febre do Mayaro é clínico, epidemiológico e laboratorial.

    A suspeita se dá a partir da avaliação clínica do paciente, com base nos sintomas descritos, e do histórico de exposição a situações de risco nos 15 dias que antecedem o início dos sintomas. Em decorrência das similaridades com outras arboviroses, principalmente Chikungunya, o diagnóstico laboratorial é fundamental para a conclusão da causa etiológica, em conjunto com os achados clínicos e epidemiológicos.

    O diagnóstico laboratorial pode ser realizado a partir de provas diretas (isolamento viral, biologia molecular) ou indiretas (sorologias). (Ministério da Saúde Brasil)




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