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    Ciência

    Startup quer treinar abelhas para polinizarem café com maior precisão

    Assim como os cães, as abelhas podem ser treinadas para desempenhar tarefas de farejamento, como reconhecer com precisão a fragrância de culturas agrícolas de interesse econômico, como o café (Coffea arabica), e, dessa forma, polinizá-las com maior eficácia.



    Abelhas africanizadas (Apis mellifera). Foto: Erik Karits/Unsplash


    Isso porque esses insetos polinizadores têm capacidade de desenvolver memória olfativa, associando o ambiente onde coletam o pólen e o néctar de flores que lhes servem de alimento ao cheiro deles, explica o ecólogo João Marcelo Robazzi.

    “As abelhas usam sinais, como a cor e a fragrância, para encontrar e, consequentemente, polinizar flores. Esses sinais podem ser empregados para treiná-las em laboratório de modo que possam reconhecer mais facilmente culturas agrícolas-alvo quando suas colônias forem liberadas em lavouras e realizar a polinização de forma mais eficiente”, afirma o pesquisador, especialista em treinamento de abelhas.

    “O objetivo dessa estratégia de polinização guiada pelo odor é aumentar não só a produtividade como também a qualidade dos grãos de café”, explica Robazzi.

    Para treinar as abelhas, os pesquisadores têm desenvolvido biomoléculas sintéticas, obtidas de misturas de odores artificiais, que são percebidas pelos insetos polinizadores como o aroma floral natural do café.

    Por meio da síntese e o treinamento das abelhas com essas biomoléculas que imitam o odor da flor do café, os pesquisadores esperam obter um aumento de mais de 18% na produção do grão.

    “Já desenvolvemos uma solução que imita a fragrância da flor de café, na percepção das abelhas. Isso nos permitirá treiná-las em laboratório de modo que encontrem mais facilmente essa cultura-alvo no campo e, com isso, possa ser aumentada a taxa de polinização e, consequentemente, a produção do café e a qualidade dos frutos”, diz Robazzi.

    Resultados preliminares de experimentos em laboratório indicaram que as abelhas não perceberam diferenças entre a solução sintética e o aroma natural da flor do café.

    “As abelhas identificaram nossa mistura como o odor da flor natural. Ao serem expostas a essa biomolécula sintética em laboratório, elas saberão qual cheiro deverão procurar quando forem liberadas em campo. Dessa forma, os eventos de polinização deverão ser maiores”, diz Marcela Barbosa, doutora em entomologia pela Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP).

    Estudos conduzidos em outros países têm mostrado que as abelhas ao serem treinadas com produtos sintéticos favorecem o aumento da produção de girassol em 57%.

    De acordo com dados da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), cerca de 90% das culturas agrícolas produzidas em todo o mundo dependem, em algum grau, de polinizadores.

    As abelhas são responsáveis pela polinização de 75% do total de plantas cultivadas e utilizadas de forma direta ou indireta em todo o mundo.

    “Estudos indicam que os polinizadores aumentam, em média, 18% a produção do café. Isso se reflete não só na quantidade, como também na qualidade dos frutos gerados e do produto final. Alguns trabalhos mostram que a polinização pode também incrementar algumas características sensoriais da bebida”, diz Barbosa. (Elton Alisson/Agência FAPESP)

    26 DE JANEIRO DE 2023



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