Edição em Português
    Saúde / Notícias de saúde

    Tratamento com hormônio masculino controla doença que causa o envelhecimento precoce das células

    Estudo clínico conduzido por cientistas do Centro de Terapia Celular (CTC) mostrou que o tratamento com hormônios masculinos reduz em 100% dos pacientes a progressão da chamada “doença dos telômeros”, promovendo uma melhora efetiva dos sintomas.



    Estudo clínico conduzido no Centro de Terapia Celular da USP envolveu pacientes com condições genéticas que provocam o encurtamento acelerado dos telômeros – estruturas que protegem o material genético presente nos cromossomos. Imagem: Wikimedia Commons


    Essa condição clínica pode ser causada por um conjunto de doenças genéticas raras (telomeropatias) que atinge, em média, uma pessoa em cada grupo de 1 milhão e provoca o encurtamento acelerado dos telômeros – estruturas formadas por DNA localizadas nas extremidades dos cromossomos.

    A redução dos telômeros leva algumas células, como as do sangue, a envelhecer rapidamente e a morrer mais cedo, antes de serem repostas. Uma das consequências é a redução da capacidade da medula óssea de produzir os diferentes tipos de células sanguíneas, levando à necessidade de transfusões frequentes ou mesmo de um transplante de medula óssea.

    O encurtamento acentuado dos telômeros também pode afetar órgãos como pulmão (fibrose pulmonar) e fígado (cirrose hepática), não havendo um tratamento específico até o momento.

    “A grande inovação deste estudo é a tentativa de identificar uma nova forma de tratamento, algum medicamento que possa impedir esse encurtamento precoce ou até mesmo alongar os telômeros”, comenta Diego Villa Clé, diretor médico do Hemocentro de Ribeirão Preto e primeiro autor do artigo.

    O trabalho foi conduzido no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado pelo hematologista Rodrigo Calado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e integrante do CTC – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.

    Os 17 participantes foram submetidos por dois anos ao tratamento com nandrolona, uma versão sintética do hormônio sexual masculino testosterona. Além de impedir o encurtamento dos telômeros em 100% dos casos, foi possível notar em alguns voluntários um aumento dessas estruturas cromossômicas.

    “Quase 70% dos pacientes que tinham comprometimento da medula tiveram, no final do segundo ano, melhora do hemograma. A grande maioria dos que tinham dependência de transfusões parou de transfundir e, nos sete pacientes com fibrose pulmonar, a função do pulmão estabilizou ao longo do tratamento”, conta Villa Clé. (Agência FAPESP)

    7 DE ABRIL DE 2023



    VOCÊ TAMBÉM PODE ESTAR INTERESSADO EM

    Desde o início da pandemia, em 2020, especula-se que a asma poderia contribuir para o agravamento e a letalidade da COVID-19.
    Um grupo de pesquisadores brasileiros tem buscado aumentar a eficácia de terapias contra o câncer por meio de uma técnica sofisticada que consiste em recobrir nanoestruturas de diferentes naturezas com membranas isoladas de células tumorais.
    Estudo da Faculdade de Medicina da USP avalia como promissora a estimulação cerebral elétrica não invasiva para tratamento do Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
    A descoberta dos biomarcadores pode auxiliar no tratamento e na pesquisa de estratégias para impedir a evolução da doença nos pacientes
    Método em fase experimental extrai compostos orgânicos voláteis das amostras, permitindo identificar alterações que indiquem a presença do câncer
    A baixa ocorrência de doença de Chagas entre povos indígenas da Amazônia pode ter uma explicação genética. Estudo mostra que uma variante genética, presente na imensa maioria dos indivíduos analisados na região, possui importante papel na resistência à infecção pelo parasita transmissor da doença.


    TAMBÉM EM LA CATEGORÍA «NOTÍCIAS DE SAÚDE»

    Desde o início da pandemia de COVID-19, os corticoides, também conhecidos como glicocorticoides (GCs), têm se estabelecido como uma das principais opções de tratamento – especialmente em casos graves – por sua ação anti-inflamatória e imunossupressora.
    Estudos na USP com animais demostraram que o alto consumo de sal leva a um quadro de hipertensão arterial, retenção de sódio no líquor e ativação dos astrócitos, as células mais abundantes do sistema nervoso central.
    Em estudos pré-clínicos, o vírus zika se mostrou capaz de inibir a proliferação do câncer de próstata, o que sugere um potencial uso no tratamento da doença.
    A sarcopenia é uma doença que leva à perda de massa muscular corporal associada à diminuição da força (a tensão que o músculo gera para realizar um determinado movimento, como um aperto de mão) e da performance física. O quadro envolve um processo inflamatório crônico e está associado a alterações cognitivas e doenças cardíacas e respiratórias.

    © 1991-2024 The Titi Tudorancea Bulletin | Titi Tudorancea® is a Registered Trademark | Termos de Uso
    Contact