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    Mancha de lixo do Pacífico se tornou lar para ecossistema próprio

    A grande mancha de lixo do Pacífico configura-se como um acúmulo de resíduos plásticos de 1,6 milhão de quilômetros quadrados e cerca de 80 mil toneladas. Ela se encontra entre a Califórnia e o Havaí e o seu tamanho representa cerca de três vezes o território francês. Outras manchas como essa também existem e preocupam os cientistas marinhos que acreditam que o acúmulo de lixo pode prejudicar esses locais.



    Mancha de lixo do Pacífico. Foto: NOAA


    Recentemente, foi revelado que algumas espécies costeiras estão colonizando águas abertas por meio da ilha de lixo. Ou seja, corpos que normalmente não ocupavam esses locais passaram a se reproduzir, uma vez que a decomposição total do plástico leva anos, tempo suficiente para que esses corpos consigam criar um habitat próprio.

    Segundo Alexander Turra, professor do Departamento de Oceanografia Biológica do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, o aumento do acúmulo de resíduos plásticos nessas regiões contribui para a aglomeração de novas espécies nessas regiões.

    É interessante notar que a formação dessas ilhas de resíduos se dá por meio de diferentes correntes marítimas que criam uma área de pouca mobilidade no centro desses giros.

    “É como se fosse o centro de um furacão, então, nessa área de calmaria ocorre o acúmulo desse lixo. Os resíduos que são lançados pelos diferentes países ou que chegam ao mar pelos rios, quando chegam nessa região acabam sendo aglomerados”, explica o especialista.

    Nota-se que esses resíduos são formados a partir da composição de diferentes partículas flutuantes, ou seja, os objetos que conseguimos captar são aqueles que ainda flutuam, uma vez que, com o tempo e com o acúmulo de resíduos, a flutuabilidade desse resíduos é modificada, fazendo com que grande parte deles alcance o fundo do mar.

    O professor comenta que esse acúmulo de resíduos é prejudicial ao meio ambiente, uma vez que podem ser confundidos com alimentos ao serem ingeridos por diferentes organismos que vivem na região. Além disso, alguns desses resíduos apresentam a capacidade de emaranhar a biodiversidade local.

    Um dos grandes problemas que estão associados com a mancha de lixo é o fato de os resíduos ali presentes se tornarem substratos para organismos que vivem em fundos duros.

    “Normalmente nós temos poucos organismos que vivem em substratos duros trafegando pelo oceano aberto, com algumas exceções. Com o aumento de plástico nos oceanos, a quantidade de substrato para essas espécies aumentou muito”, explica Turra.

    Segundo o especialista, neste momento, as consequências associadas a esse novo ecossistema são pequenas, uma vez que grande parte desse indivíduos são filtradores.

    Assim, eles não necessariamente apresentam um efeito na cadeia alimentar. Contudo, Turra aponta que esses organismos apresentam efeito como vetores de espécies exóticas, assim, espécies costeiras de um país se moveriam para essas áreas e, com o tempo, colonizariam uma nova região.

    Sendo assim, além desse novo ecossistema ser exótico para esse local, ele pode se tornar uma espécie invasora, causando diferentes impactos na localidade de destino.

    O professor discorre que, após a produção de diferentes produtos plásticos, é necessário passar a pensar na racionalização de sua gestão, assim, quando resíduos forem gerados, é interessante pensar em formas para que eles sejam utilizados novamente, evitando que eles voltem ao meio ambiente.

    Ações individuais também costumam ser positivas quando pensamos em soluções para a problemática, dessa forma, é interessante pensar nos produtos que costumamos consumir e em como lidamos com os resíduos que são provenientes desses. (Júlia Galvão/Jornal da USP)

    5 DE MAIO DE 2023



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